terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Enxaqueca. novidades na terapêutica em 2017


A enxaqueca é a principal causa de incapacidade neurológica no mundo, sendo também uma das cinco principais causas de incapacidade a longo prazo. O sucesso dos tratamentos disponíveis é limitado pela eficácia inadequada, pelos efeitos adversos e pela má aderência dos doentes. Além disso, os medicamentos disponíveis para a profilaxia (em que se incluem anti-epilépticos, beta-bloqueantes e antidepressivos) não são específicos para a enxaqueca.
Uma nova etapa no tratamento da enxaqueca está a surgir com o rápido desenvolvimento de novos medicamentos específicos para a enxaqueca, para prevenção ou tratamento das crises. Estes novos medicamentos actuam num único alvo, o neuropeptídeo CGRP (calcitonin gene-related peptide). O ubrogepant é um antagonista dos receptores do CGRP, é administrado por via oral e está a ser desenvolvido para actuar nas crises. Outros medicamentos estão a ser desenvolvidos para a prevenção das crises em doentes com enxaqueca episódica (4 a 14 dias com crises por mês) ou com enxaqueca crónica (15 ou mais dias com crises por mês). Estes medicamentos profilácticos são anticorpos monoclonais que actuam na molécula do CGRP (eptinezumab, fremanezumab e galcanezumab) ou no seu receptor (erenumab). Estes cinco medicamentos estão a ser sujeitos a ensaios de fase 3, tendo sido feita a actualização dos ensaios publicados no 18º Congresso da International Headache Society, que se realizou em Setembro transacto, em Vancouver, no Canadá. Foram reportados resultados positivos, com uma redução significativa dos dias com enxaqueca e um perfil de tolerabilidade e segurança semelhantes ao placebo. O erenumab está a ser avaliado pela FDA (Food and Drug Administration) e pela EMA (European Medicines Agency) para autorização de comercialização, esperando-se que outros o venham igualmente a ser. É muito provável que estes novos medicamentos estejam no mercado dentro de 1 a 2 anos.

Sem comentários: