terça-feira, 11 de novembro de 2014

Enxaqueca nas crianças

A enxaqueca nas crianças tem habitualmente características diferentes da enxaqueca nos adultos. Mesmo os pais que têm enxaqueca não identificam os sintomas dos seus filhos como podendo estar relacionados com enxaqueca. Chamamos a atenção para alguns factos importantes:

1. Muitas crianças têm enxaqueca abdominal, que são episódios recorrentes de dor abdominal, associados a palidez, náuseas e vómitos (a dor de cabeça está ausente durante estas crises).

2. Se as crianças tiverem dor de cabeça, geralmente é na cabeça toda e não só num lado, como é habitual nos adultos.

3. Menos de metade das crianças tem dor pulsátil (latejante).

4. As crises de enxaqueca nas crianças, têm habitualmente uma duração menor que nos adultos, em regra 2 a 3 horas.

5. A frequência, intensidade e duração tendem a aumentar com a idade da criança.

6. O enjoo durante as viagens de automóvel é frequente nas crianças com enxaqueca.

7. As crises de enxaqueca nas crianças podem parecer uma desculpa para não ir à escola. As crises tendem a surgir com maior frequência durante o ano escolar e principalmente à segunda e terça feira.

8. É muito importante fazer o diagnóstico correcto e estabelecer o plano de tratamento o mais precocemente possível, para evitar a transformação em enxaqueca crónica.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Novos medicamentos para a prevenção da enxaqueca


Durante a 66ª reunião anual da American Academy of Neurology, que decorreu de 26 de Abril a 3 de Maio em Filadélfia, EUA, foram apresentados dois estudos promissores para a prevenção das crises de enxaqueca. Os fármacos em estudo são anticorpos monoclonais anti-CGRP (Calcitonin Related Gene Peptide) que é um potente vasodilatador, tendo uma função importante na transmissão da dor. Os dois estudos são de fase II (estabelecimento da eficácia, geralmente contra placebo) e demonstraram diminuição do número de crises e sem diferença nos efeitos indesejáveis, em relação ao placebo. Poderemos estar perante uma nova era na prevenção da enxaqueca, pois estes novos medicamentos são dirigidos contra o alvo dos mecanismos da doença. Aguardemos pois os novos estudos comprovem os resultados preliminares apresentados. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Outras Cefaleias – Perguntas frequentes


P: O que é a cefaleia tipo tensão? Quais as suas causas e qual o tratamento?
R: As cefaleias tipo tensão são frequentes, resultando frequentemente de situações temporárias de stress, ansiedade, fadiga ou irritação.  O tratamento inclui medidas farmacológicas e não farmacológicas, como técnicas de relaxamento.

P: O que é a cefaleia em salvas (“cluster headache”)? Quais as suas causas e qual o tratamento?
R: O seu nome deriva da ocorrência de vários episódios agrupados (por exemplo ocorrência de um episódio que se repete durante um mês). A dor surge habitualmente sem aviso, localizando-se habitualmente num lado da extremidade cefálica. São habituais sintomas acompanhantes como lacrimejo, olho vermelho ou corrimento nasal do lado da cefaleia. É mais frequente nos homens, sendo considerada a cefaleia mais intensa.

P: O que é a cefaleia atribuída a sinusite? Quais as suas causas e qual o tratamento?
R: É uma cefaleia que acompanha por vezes os episódios de rino-sinusite aguda ou episódios de agudização de rino-sinusite crónica, devendo desparecer num período de sete dias após a remissão ou o tratamento bem sucedido da infecção. Confunde-se frequentemente com enxaqueca, sendo muito menos frequente que essa entidade.

P: O que é a cefaleia por uso excessivo de medicação?
R: A ingestão de medicação analgésica muito frequente (mais de 2 dias por semana) ou excessiva (mais do que a quantidade prescrita) poderá provocar este tipo de cefaleia. O tratamento consiste em suspender a medicação excessiva, recorrendo por vezes a outros medicamentos, como os neuro moduladores.

P: As cefaleias são hereditárias?
R: Três em cada quatro pessoas com enxaqueca têm um familiar do 1º grau atingido. Uma criança tem 50% de probabilidades de ter enxaqueca se um dos pais tiver e 75% se ambos tiverem.

P: Por que é que algumas pessoas só têm cefaleias no fim-de-semana?
R: A alteração do padrão do sono – muito ou pouco – pode desencadear uma cefaleia. Por vezes também está implicada a abstinência de cafeína.

P: Que tipos de cefaleias existem?
R: As cefaleias dividem-se em dois tipos principais: as primárias como a enxaqueca e a cefaleia tipo tensão, (não são consequência de outra doença) e as secundárias (por exemplo secundárias a alterações oculares ou a febre).

P: É possível a mesma pessoa ter vários tipos de cefaleias?
R: É frequente a existência de mais de um tipo de cefaleia na mesma pessoa, sendo a associação mais frequente a enxaqueca e a cefaleia de tipo tensão.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Enxaqueca - Perguntas frequentes


P: O que é a enxaqueca? Quais as suas causas e qual o tratamento?
R: Geralmente a cefaleia (dor de cabeça) começa como uma dor surda, passando posteriormente a uma dor pulsátil (latejante) mas têmporas, bem como na frente ou na parte de trás da cabeça, de um ou dos dois lados. A dor geralmente é acompanhada de náuseas (enjoos), vómitos e aumento da sensibilidade à luz e aos sons. Cerca de 15% das pessoas com enxaqueca têm aura antes da crise. A enxaqueca em si própria é uma doença, não sendo consequência de outras. O tratamento inclui medidas farmacológicas e não farmacológicas, como a actividade física.

P: O que é a aura?
R: Cerca de 15-20% das pessoas com enxaqueca têm “aura”, que é um conjunto de sintomas que geralmente ocorre antes da dor com origem no cérebro. Podem consistir em linhas onduladas ou denteadas, pontos luminosos, visão em túnel ou manchas cegas num ou nos dois olhos. A aura pode incluir alucinações visuais ou auditivas; podem ainda surgir alterações do olfacto como cheiros estranhos. Podem ainda surgir alterações da sensibilidade e perturbações da linguagem como dificuldade em encontrar a palavra correcta. A aura tem geralmente uma duração inferior a 60 minutos e desaparece à medida que a dor se desenvolve.

P: O que é um factor desencadeante?
R: Certos factores físicos ou ambientais, como alguns alimentos, alterações hormonais, alterações climatéricas e stress podem desencadear uma crise de enxaqueca (e não ser a sua causa!). É importante realçar que os factores desencadeantes não são iguais para todas as pessoas, pelo que deverão ser anotados no diário das crises.

P: O clima afecta a enxaqueca?
R: O sol brilhante, o calor, a humidade e as mudanças drásticas na pressão atmosférica podem desencadear nalgumas pessoas crises de enxaqueca.

P: Qual a relação entre enxaqueca e hormonas?
R: As hormonas iniciam e regulam muitas das funções do nosso corpo. Quando os níveis hormonais se alteram, como na menstruação, gravidez e menopausa, poderão ser desencadeadas crises de enxaqueca. De facto, 3 em cada 4 senhoras com enxaqueca afirmam que as crises estão relacionadas com o período menstrual.


P: As pessoas com enxaqueca têm um risco acrescido de acidentes vasculares cerebrais (AVC)?
R: Apesar de por vezes alguns doentes no decurso de uma crise de enxaqueca terem medo de ter tido um AVC, a probabilidade de a enxaqueca ser causa de AVC é muito remota. Em pessoas com menos de 40 anos, a enxaqueca é dos principais factores de risco para AVC. No decurso da vida, a enxaqueca está associada a um reduzido risco de morrer por AVC.

P: Que tratamentos existem para tratar uma crise de enxaqueca?
R: Para tratar as crises de enxaqueca empregam-se geralmente medicamentos de venda livre como o ácido acetilsalicílico, o paracetamol e o ibuprofeno, e medicamentos específicos (sujeitos a receita médica) como a ergotamina e ps triptanos. Deverão evitar-se medicamentos que contenham associações.

P: O que são triptanos?
R: Os triptanos são uma nova de classe de medicamentos específicos para o tratamento das crises de enxaqueca. Para além de serem vasoconstritores, participam na modulação de algumas reações químicas no cérebro. Os triptanos actuam em receptores do cérebro, contribuindo para restaurar os níveis de serotonina. Os níveis deste neurotransmissor encontram-se alterados nas crises de enxaqueca.

P: Os “OTC” (medicamentos de venda livre) são eficazes na enxaqueca?
R: Alguns medicamentos de venda livre poderão ser eficazes no tratamento de algumas crises de enxaqueca, particularmente as crises ligeiras a moderadas. Contudo, o médico assistente deverá ser consultado antes de se iniciar qualquer regime para tratar as crises de enxaqueca.

P: O que é a medicação preventiva para a enxaqueca?
R: A medicação preventiva ou profilática é utilizada para reduzir a frequência, intensidade e duração das crises de enxaqueca. A maioria dos medicamentos utilizados foram inicialmente desenvolvidos para tratar outras doenças como a epilepsia, a depressão e a hipertensão arterial.

P: Qual o papel das terapêuticas não convencionais no tratamento da enxaqueca?
R: Algumas destas terapêuticas são úteis nalguns doentes, como por exemplo a acunpuntura e o yoga. De acordo com as normas de orientação da AAN (Academia Americana de Neurologia) são úteis na prevenção da enxaqueca a matricária, a riboflavina, o magnésio e a “Butterbur” (Petasites hybridus).