
O que é a enxaqueca?
A enxaqueca não é uma simples dor de cabeça. Em princípio, a enxaqueca não causa uma cefaleia constante, praticamente diária. A dor é frequentemente pulsátil (latejante) e num dos lados da cabeça. Por atingir a testa, olhos e bochecha é muitas vezes confundida com a dor da sinusite. Acarreta sempre algum grau de incapacidade, levando muitas vezes os doentes a deitarem-se. Os doentes durante as crises preferem um local calmo e escuro. É frequente durante as crises haver fotofobia, fonofobia e osmofobia (intolerância à luz, ruído e cheiros) bem como náuseas (agonias) e vómitos.
A enxaqueca é uma doença primária do cérebro, não sendo consequência de outra doença como traumatismos cranianos, doenças vasculares, sinusites, problemas oftalmológicos (relacionadas com os olhos), coluna vertebral ou tumores cerebrais. É uma forma de cefaleia neurovascular, com um “gerador” no cérebro, uma perturbação em que os eventos neuronais resultam em dilatação dos vasos sanguíneos que, por sua vez, provoca dor e subsequente activação neuronal.
É uma doença claramente familiar. Dois em cada três doentes com enxaqueca têm um familiar do primeiro grau atingido por uma doença semelhante. Já foram identificados 3 genes responsáveis por uma forma particular de enxaqueca, a enxaqueca hemiplégica.
O cérebro das pessoas com enxaqueca é considerado hiper excitável, com um certo desequilíbrio nos neurotransmissores (substâncias químicas cerebrais) relacionados com a dor, tais como a serotonina, noradrenalina e dopamina. Estas substâncias químicas são igualmente importantes para outras funções do corpo humano, como o humor e a tensão arterial. Não será pois de estranhar que medicamentos utilizados para a depressão e para a hipertensão arterial sejam igualmente úteis na prevenção das crises de enxaqueca.
Quais são os diferentes tipos de enxaqueca?
O mais comum é a enxaqueca sem aura. Cerca de três quartos das pessoas com enxaqueca tem apenas este tipo; uma em cada 10 tem enxaqueca com aura, e o dobro destas tem eventualmente ambos os tipos. Muitos menos frequentes são as crises unicamente de aura, sem dor de cabeça. Este tipo de enxaqueca tende a desenvolver-se nas pessoas mais idosas. Existem outros tipos de enxaqueca, mas são raros.
A aura é um sinal do cérebro, que está a ser temporariamente (mas não gravemente) afectado pelo processo de enxaqueca. Dura, geralmente, 10 a 30 minutos, mas raramente ultrapassa os 60 minutos. Afecta principalmente a visão. Poderá notar manchas, luzes brilhantes ou cintilantes ou linhas coloridas em ziguezague a espalharem-se em frente dos seus olhos, geralmente para um lado. Menos frequentemente podem surgir alterações da sensibilidade ou da força numa metade do corpo ou ainda alterações da linguagem.
Como se trata a enxaqueca?
O tratamento é dividido em tratamento agudo e preventivo. O tratamento agudo é utilizado nas crises e vários medicamentos poderão ser utilizados, como analgésicos simples e anti-inflamatórios (paracetamol, ácido acetilsalicílico, naproxeno, etc) e medicamentos específicos para a enxaqueca como a ergotamina e os triptanos. Os medicamentos actuarão melhor se forem administrados no início das crises. Não deverão ser tomados mais de 2 vezes por semana. Se isso acontecer, estará indicado fazer tratamento preventivo. Vários medicamentos poderão ser utilizados, como neuromoduladores, antidepressivos, e medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão arterial como o propranolol. Não deverão ser descuradas regras de vida saudável como eliminação de hábitos tabágicos, ingestão moderada de bebidas alcoólicas, evitar “saltar” refeições, sono regular e exercício físico regular.
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