Após a
emergência de um novo coronavírus designado SARS-CoV-2, a COVID-19 (corona
vírus disease 2019) foi inicialmente caracterizada por febre, dor de garganta, tosse e
dispneia, manifestações principalmente do aparelho respiratório. Contudo,
outras manifestações como cefaleias, dores abdominais, diarreia, perda do
paladar e do olfacto foram adicionadas ao espectro clínico durante a evolução
da pandemia COVID-19. As descrições de alterações neurológicas têm aumentado
rapidamente, parecendo as cefaleias serem o líder da lista dos sintomas. As
cefaleias têm sido reportadas em 11-34% dos doentes COVID-19 hospitalizados,
principalmente cefaleias de novo, moderadas a severas, bilaterais, pulsáteis ou
fixas, com localização temporo-parietal, supra ou periorbitária. As
características clínicas mais peculiares são o início súbito ou gradual, a má
resposta aos analgésicos simples e a alta taxa de recorrência limitada à fase
activa da COVID-19. 6 a 10% dos doentes COVID-19 sintomáticos descreveram a
cefaleia como sintoma inicial.