terça-feira, 29 de março de 2011

Cefaleia tipo tensão






A cefaleia tipo tensão, previamente designada por cefaleia por contracção muscular, é o tipo mais frequente de cefaleia, afectando 40% das pessoas por ano e 78% dos adultos ao longo da vida. É a mais desprezada pela comunidade médica e a menos compreendida.
Inicialmente pensou-se que eram causadas por tensão muscular, especialmente do pescoço, coluna vertebral e ombros. Contudo, os estudos utilizando sensores electrónicos para medir a contracção muscular não evidenciaram correlação entre as cefaleias e a tensão muscular nos músculos epicranianos. Outra teoria postulava que as cefaleias de tensão seriam de causa emocional ou psicológica, mas também não existe uma relação clara entre ambas. Algumas pessoas sujeitas a enorme e permanente stress nunca têm cefaleias, enquanto que outras têm cefaleias em situações praticamente sem stress. Actualmente a teoria mais aceite é a da sensibilização central, em que existe uma disfunção nas áreas do cérebro responsáveis pela modulação da dor, tornando-o excessivamente sensível à estimulação. Pensa-se que o mesmo mecanismo é responsável pela fibromialgia. Os factores desencadeantes mais frequentes são a ansiedade, a falha de refeições, a depressão, as alterações na articulação temporo-mandibular, a má higiene do sono, as más posturas e o excesso de álcool e de cafeína. A apneia do sono é igualmente um factor desencadeante deste tipo de cefaleia.
As cefaleias tipo tensão afectam ligeiramente mais o sexo feminino. Em regra iniciam-se na adolescência, atingindo a incidência máxima cerca dos 30-40 anos. Não estão ligadas a factores hormonais nem têm um componente hereditário como a enxaqueca.
A dor nas cefaleias tipo tensão é geralmente ligeira a moderada, de tipo “pressão” constante na testa, no vértex ou no pescoço. Por vezes é descrita como um “cinto a apertar a cabeça”. Os doentes com cefaleias tipo tensão podem ter hipersensibilidade à luz e ao ruído, mas não têm aura a preceder a cefaleia, como acontece por vezes na enxaqueca. A dor é igualmente menos intensa que na enxaqueca, não sendo habitualmente agravada pela actividade física de rotina.
Há duas formas de cefaleias tipo tensão: a episódica, que ocorre entre 10 a 15 dias por mês, tendo as crises uma duração de 30 minutos a vários dias. Embora a dor não seja incapacitante, a sua intensidade tipicamente aumenta à medida que as crises se tornam mais frequentes. A cefaleia tipo tensão crónica geralmente ocorre em mais de 15 dias por mês, durante mais de 3 meses. A dor, que pode ser constante por um período de dias ou meses, é bilateral e mais intensa e incapacitante que a dor no tipo episódico.
A maioria dos doentes ou não trata as crises ou utiliza medicamentos de venda livre, que são geralmente eficazes. Contudo dever-se-á ter em atenção que a toma destes medicamentos mais de 10 dias por mês pode causar um outro tipo de cefaleia, a cefaleia por uso excessivo de medicamentos, cuja dor tem características semelhantes à da cefaleia tipo tensão.